sábado, 25 de outubro de 2008

Mudança de tom

Quanto tempo conseguiria estar dentro de um armário sem que me descobrissem?
Que dessem pela minha falta.. depressa davam, acredito. Sou barulhenta. Estranham o silencio. Mas quem procuraria dentro de um armário?
Uma incoerencia minha. Tanto medo de espaços apertados, tanta falta de ar em multidões e desde menina que quando o mundo me parece tão vasto que é impossível segurar junto a mim o que amo me fecho num cubículo cheio de roupa, às escuras, com o único remorso de não conseguir fechar por completo a porta por onde entro para que nem uma réstia de realidade lá entre.
Não se fazem armários com maçanetas por dentro. Ninguém precisa de fechar a porta pelo lado inverso aos normais, pois não?
É estranho, no entanto. Nunca o "não-ser-normal" foi tão banal. Já nem é sintoma de originalidade nem de loucura criativa... é apenas um sintoma de moda.
Há provavelmente milhares de pessoas que se fecham em armários. Físicos, virtuais ou apenas na sua imaginação e outras tantas que fazem outras coisas ainda mais peculiares. Talvez se me fechasse num frigorífico me destacasse do rebanho.
Mesmo assim não acho que me procurassem aqui.
Quem me conhece assim?
Por vezes sinto que não me conhecem porque não mereço, outras porque não o merecem... outras porque pura e simplesmente não há nada em mim que cause interesse o suficiente para fomentar a curiosidade de escavar mais um pouquinho, outras que sou eu que não me dou a conhecer e ainda, em momentos de maior narcisismo, que sou tão intricada que nem eu me conheço tornando a tarefa impossível aos demais.
A verdade é que não quero que me procurem no armário.
Quero que já saibam mesmo sem espreitar que eu às vezes estou lá.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Pequenos vicios

Toda a gente os tem.
Eu gosto de brincar ao faz de conta...
Ando entretida aqui:

Sou uma donzela em busca da sua família em 1456 num jogo com uma dinamica muito engraçada, com direito a profissões, cultivo de campos, negócios no mercado, uma economia própria, ladrões, guardas, templários e muita conversa na taverna local.
É completamente grátis, está traduzido para português e se se increverem através do link ali de cima passam a ser meus afilhados e eu recebo 10 czrs, o que sempre dá uma ajudinha... :P
Depois é criarem a história do vosso personagem. A minha é assim:

"Era uma noite escura de Novembro e o vento uivava na janela daquele casebre meio abandonado. A lua estava tapada por um sombrio manto de núvens e a chuva caia dos céus num aviso macabro de desgraça. Felizmente quando nasci às cinco da tarde já o temporal tinha passado e estava um lindo dia de sol, o que deu imenso jeito à minha mãe quando se pisgou e me deixou, enrolada numa saca de pão para ser encontrada pelas freirinhas daí a dois dias.
Ao pé de mim tinha apenas uma fitinha roxa atada ao meu pulso e um cestinho de amoras com alguns mosquitos... talvez por isso tenham decidido chamar-me assim, Amora.
Ora com um começo de vida tão auspicioso não era de admirar que tivesse passado os anos da minha infancia naquele convento como a menina coitadinha lá do sitio. Ou era? Era pois! Naquele convento entravam 3 ou 4 putos ranhosos abandonados por semana, por isso eu era a coisa mais corriqueira que por lá andava.
A minha vida só começou a ser minimamente interessante quando aos 14 anos me mandaram ir ao mercado sozinha pela primeira vez e eu, bichinho do mato, descobri que havia mundo para lá dos muros altos do páteo.
Desde aí o desejo de sair do confinamento bafiento do convento e ver o mundo gritou mais forte e anos mais tarde numa noite não tão sombria como a do inicio da história mas mesmo assim bastante escura escapuli por uma janela com uns trapos embrulhados num lençol.
O que será da minha vida daqui em diante? Como conseguirei sobreviver neste mundo com a minha parca experiência?
Serão os fados bondosos para uma menina inocente como eu?
Só o tempo o dirá...

(música sinistra, se faz favor!)"


Como nasci em Viseu trabalhei por lá duas semanas até encontrar companhia para ir para Elvas, onde está o único pedacinho de família que tenho, a minha madrinha, a formosa senhora dona Mariapy. Agora vou de viagem, visitando outras terras pelo caminho.
É um entretem engraçado pela interacção social que permite.
Experimentem e depois se precisarem de uma mãozinha e de algumas explicações apitem que eu ajudo. 

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Peganhenta

Oh santa pipoca... já viram como depois das 3 da manhã eu fico para lá de lamechas?
Depois chego no outro dia ao blog e até coro com o que escrevi...
Sim.. sim... e vivam as nuvenzinhas cor de rosa.


A ronha

Hoje é noite de dormir sozinha, sem o aconchego de a ter à distancia de uma volta na cama e por isso faço ronha.
Olho para a cama vazia e penso que não estou com sono, que como me doi a garganta vou ficar às voltas sem conseguir dormir e que por isso vale mais deixar os olhos ficarem pesados e deitar a cabeça na almofada apenas quando estiver prestes a colapsar.
É ronha. Nada mais.
Se ela estivesse aqui já estava a dormir há duas horas, embalada pelo som da sua respiração e confortada pela forma carinhosa como ela se aninha em mim mesmo quando já está ferradinha no sono.
Ronha, como os garotos que não querem ir para a cama por terem medo do escuro.
Por vezes acho que me devia deixar destas palermices e crescer um bocadinho. Depois volta-me o juizo e apercebo-me que prefiro mil vezes a angústia infantil com que lhe sinto a falta tendo estado com ela há menos de 3 horas que a indiferença responsável perante a minha cama vazia.
Gosto de a amar assim.

dou toda constibada

... e a moça aproveita o meu débil estado para me drogar à força toda.
Ele é ilvicos, nurofens, brufems, neo-qualquer coisa para o nariz, xarope (eu detesto xarope...), vick, mebocaina e drill...
Estou completamente encharcada em medicamentos e esta constipação não há meio de abalar.
Pareço o Dark Vader a respirar... já me enerva.
E não conseguir dizer os enes também!
Mas o fim de semana foi um mimo! Mesmo assim, toda engrupida e tudo foi bom, bom, bom.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Uma questão de percepção

Enquanto fazia o jantar tentou convencer-me a provar um bocadinho de vinho.
Eu nunca consegui beber vinho... aliás, eu e tudo o que seja bebida alcoolica não nos damos muito bem.
Deu-me a garrafinha e ficou a olhar para mim enquanto eu a agarrava. Riu-se do meu ar de "eu não me apetece nada meter isso na boca..." e tirou-ma da mão. Bebeu um bocadinho e puxou-me para ela num beijo que me derreteu por dentro.
Afastou-se e perguntou "então, é bom?".
Acenei com a cabeça e pensei para mim "na tua boca não há nada que não me saiba bem...".

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

No frigorifico

Está escrito a caneta de acetato roxa:
"só sou fofinha para ti porque não tenho força para te dar porrada".

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Espelho da casa de banho -1 Amora - 0

Nem posts nem comentários... e a desculpa foi um encontro de terceiro grau com o canto do espelho da casa de banho em queda livre e uns golpes raquiticos mas numerosos na mão esquerda.
Fresca da silva e só com umas cicatrizes que parecem uns arranhoezitos de gato como prova, estou pronta para outra... mas é melhor não repetir a gracinha porque a Amora residente é capaz de não gostar.